Madonna é uma sobrevivente. Depois de quase morrer por conta de uma infecção bacteriana, em julho, a fênix da libertação feminina renasceu nos palcos com a estreia da turnê The Celebration Tour, em Londres, no último fim de semana. Diante de milhares de fãs, ela usou a voz para defender a paz no Oriente Médio.
— Parte meu coração ver crianças, adolescentes e idosos sofrendo — disse ela, sobre a guerra entre o grupo terrorista Hamas e Israel.
Nesse retorno triunfal, a cantora celebra 40 anos de uma carreira sólida, longeva e cheia de posições firmes - não foi a primeira vez, aliás, que se manifestou sobre os conflitos entre palestinos e judeus. E ela é exatamente isso: desde que estourou com "Like Virgin", em 1984, a rainha pop vem, de certa forma, dando lições ao mundo, transgredindo e quebrando paradigmas, ainda que essa decisão venha lhe custando caro.
Madonna nunca ficou em cima do muro. Sempre questionou retrocessos, falou abertamente do prazer sexual (tabu para muitas mulheres), foi e segue dona de seu nariz e nunca deixou de ser independente. É protagonista em seus negócios e foi corajosa até quando decidiu alterar o próprio rosto - de forma irreconhecível - pela obsessão por não envelhecer.
Podemos discordar dela e achar tudo excessivo e marqueteiro demais, mas não há como negar: aos 65 anos, a artista continua mostrando tudo o que o suposto “sexo frágil” é capaz e, agora, ainda escancara ao público o quanto maturidade pode ser sinônimo de vitalidade e de atualidade.
Não foi à toa que decidiu cantar o clássico "I Will Survive" (“Eu vou sobreviver”), de Gloria Gaynor. Ao entoar “você pensou que eu só me deitaria e morreria?”, olhando fixamente para a plateia, ela deu o recado. Se alguém pensou, estava definitivamente equivocado.