Com a ajuda da Agência da ONU para Refugiados (Acnur) e do Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR), 30 migrantes da Venezuela - incluindo seis mulheres e três pessoas LGBTQI+ - concluíram, em dezembro, dois cursos de capacitação em Porto Alegre.
Voltada à indústria automobilística e ao setor metalmecânico, a formação gratuita teve o apoio da CIE Automotive, empresa com sede na Espanha, e incluiu visitas a fábricas da região - entre elas a da General Motors, em Gravataí, que cadastrou os participantes em seu banco de talentos.
— A inserção laboral é um dos maiores desafios para as pessoas refugiadas no Brasil. Disponibilizar uma formação profissional para o segmento automobilístico significa um passo importante para a reconstrução das vidas e o recomeço profissional dessas famílias, em uma área tão promissora — resume o oficial de Meios de Vida e Inclusão Econômica do Acnur o Brasil, Paulo Sérgio de Almeida.
Cinco estudantes já foram contratados para atuar na planta da Hidro Jet em Feliz, a 85 quilômetros da Capital. A companhia planeja abrir novas vagas em janeiro.
— Sempre precisamos de profissionais qualificados, e o curso facilita a inclusão no mercado de trabalho — ressalta Aline Carneiro, analista de Recursos Humanos da Hidro Jet.
As aulas dos cursos de Desenho Técnico Mecânico e Metrologia e de Tecnologias de Usinagem CNC foram ministradas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) entre outubro e dezembro. Os alunos tiveram apoio para transporte e alimentação para que não faltassem às aulas.
Além de aprender a teoria e de visitar algumas empresas, eles participaram de um workshop sobre a indústria automobilística e os processos seletivos do segmento.
— Minha experiência no curso foi a melhor. Recomendo e agradeço a oportunidade — diz a aluna do curso de Desenho Técnico Roxana Castillo.
Cada formação teve 60 horas de duração e disciplinas como matemática básica, leitura e interpretação de desenho, processos de usinagem e funcionamento em máquinas, entre outras.
— Sou instrutor de educação profissionalizante há quase 10 anos e foi a primeira vez que tive a honra de ter alunos com tanta sede de conhecimento e comprometimento. Foi incrível ver esses alunos se esforçando cada dia mais — elogia o professor do curso de Desenho Técnico Mecânico Adílio Camargo.
O SJMR, parceiro do Acnur, espera fazer a ponte para novas entrevistas de emprego com os alunos em 2023 em indústrias automobilísticas da região.
— Os desafios que os migrantes e refugiados enfrentam para recolocar-se no mercado de trabalho são inúmeros. Seguimos juntos construindo sonhos e lutando pela realização profissional desses agentes sociais —diz o coordenador de projetos do SJMR Sul, Elias Pereira Gertrudes.