Criado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapergs) para estimular a abertura de empresas entre pesquisadores com título de doutorado, o programa Doutor Empreendedor acaba de selecionar uma nova turma de estudiosos. O projeto é um baita negócio: na prática, ajuda a transportar o conhecimento produzido nas universidades para a “vida real”.
— Queremos que os doutores empreendam porque acreditamos muito no potencial das startups. São pequenas empresas locais, intensivas em tecnologia e em empregos de qualidade — resume Rafael Roesler, diretor técnico-científico da Fapergs.
A ideia partiu do professor Odir Dellagostin, presidente da entidade (ligada à Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia), em 2018. Dellagostin não se conformava com a falta de incentivos ao empreendedorismo entre cientistas e levou a pauta adiante.
Com apoio do Sebrae RS e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a primeira turma, em 2019, teve 20 doutores, cujos negócios inclusive já renderam prêmios. A segunda chamada, com mais 39 contemplados, acaba de ser divulgada e os trabalhos começam em novembro.
— Estamos muito felizes com os resultados. O programa, inclusive, já está sendo replicado pela Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) — celebra Dellagostin.
Mundo de novidades
Com investimento de R$ 7,5 milhões, os novos negócios envolvem temas como produção de biofertilizantes a partir de microalgas, desenvolvimento de impressora 3D de concreto a baixo custo e uso de “machine learning” (linha da inteligência artificial) para a seleção de ovinos mais produtivos. É um mundo de novas perspectivas.
Como funciona
Os selecionados recebem uma bolsa de pós-doutorado empresarial e uma bolsa de iniciação científica (para ter um estudante na equipe), além de R$ 50 mil para despesas de custeio e apoio com consultoria, treinamento e acompanhamento via Sebrae RS. Como contrapartida, os doutores entram com R$ 5 mil.
Vínculo com ICT
Além da contrapartida em dinheiro, os selecionados precisam ter um tutor acadêmico. Ele deve ser vinculado a uma Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação (ICT), pública ou privada, sem fins lucrativos, com sede no RS.