
Maior influenciadora da industrialização do Rio Grande do Sul ao longo das décadas, a Alemanha é encantadora para os gaúchos ligados à atividade fabril. Isso traz ainda mais relevância para o fato de que o Brasil será o parceiro em 2026 da Hannover Messe, maior feira industrial aqui da Europa. Agora em 2025, está sendo a vez do Canadá.
A negociação desta parceria ocorreu ao longo de anos, inclusive com participação da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). A definição foi anunciada no final de 2024 e, agora, confirmada em uma cerimônia no primeiro dia do evento com a presença do embaixador do Brasil na Alemanha, Roberto Jaguaribe, e do presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), Jorge Viana.
A partir de agora, é arregaçar as mangas para trazer empresas brasileiras, inclusive gaúchas. Tradicionalmente, há poucos expositores do Brasil, pois é caro pagar pelo estande da Hannover Messe em euros. Será necessário subsidiar. Viana quer superar o Canadá, que está com mais de 200 empresas neste ano.
O cenário
A guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos de Donald Trump e a continuidade do conflito entre Rússia e Ucrânia exige que a Europa olhe para outros países. O Brasil ganha oportunidades neste cenário específico, podendo destravar o arrastado acordo União Europeia-Mercosul. Pela Alemanha, já estaria fechado. É preciso vencer resistências como as da França, onde o agronegócio não quer competir com produtos do Brasil e de seus vizinhos.
A Alemanha passa por transição política após a derrota da coalisão do atual chanceler, Olaf Scholz, e está aprovando um pacote trilionário de investimentos em infraestrutura, tecnologia e defesa, com o objetivo exatamente de estimular a economia estagnada há três anos. Para combater inflação, precisa de energia, que o Brasil tem.
Ministro-conselheiro do Brasil na Alemanha, Luiz Eduardo Fonseca de Carvalho Gonçalves lembra que é o mercado dos sonhos para o Brasil, maduro, exigente e de alto poder aquisitivo. O ideal é não vender só commodities, ainda que haja forte interesse nos minérios brasileiros, especialmente o lítio, usado em baterias de carros elétricos. Gonçalves reforça ainda o que a coluna vem alertando nos últimos anos: a Europa quer comprar hidrogênio verde do Brasil. O Nordeste, porém, saiu na frente do Sul na produção desta forma de energia que pode ser exportada ou abastecer indústrias alemãs que se instalem no Brasil.
Comércio exterior do Rio Grande do Sul em 2024
Alemanha
- Exportações: US$ 270,9 milhões (1,2% do total), lideradas por calçados e fumo.
- Importações: US$ 412,2 milhões (3,2% do total), lideradas por máquinas e fertilizantes.
União Europeia
- Exportações: US$ 2,6 bilhões, lideradas por fumo e resíduos de alimentos.
- Importações: US$ 1,4 bilhão, lideradas por máquinas e fertilizantes.
* A coluna viajou a Hannover a convite da Fiergs.
Leia o que já foi publicado sobre a feira em Hannover.
Assista também ao programa Pílulas de Negócios, da coluna Acerto de Contas. Episódio desta semana: fios abandonados em postes, loja de chocolates fechada e outdoor de empregos
É assinante mas ainda não recebe a carta semanal exclusiva da Giane Guerra? Clique aqui e se inscreva.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna