
Cumprindo a ameaça da campanha, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está espalhando tarifas sobre importações. O Brasil já sentiu um pouco, mas China, México e Canadá estão, por enquanto, no centro do alvo. Os reflexos disso dependem, claro, de até onde vai esta guerra comercial. É essencial não ser superficial ao responder de bate-pronto se será bom ou ruim. A economia se move por um equilíbrio (ou desequilíbrio) de fatores. Abaixo, cinco pontos para reflexão, sem a pretensão de que sejam os únicos a se considerar:
- Trump diz claramente que sua política comercial é para atrair empresas para que invistam e produzam nos Estados Unidos, gerando empresas e arrecadação. Pode ser bom para algumas brasileiras, que têm unidades lá. Outras podem cogitar abrir. Isso levaria produção daqui.
- Se Trump brigar com países de onde compra, pode abrir mercado para mais importações brasileiras. Os inimigos dos Estados Unidos nesta guerra comercial, em retaliação, também podem comprar mais do Brasil. Isso abriu espaço para o agronegócio gaúcho no mandato anterior do presidente norte-americano.
- Importados mais caros ou indústrias locais com mais espaço para aumentar preço com as medidas protecionistas elevam a inflação para os norte-americanos, fazendo o Federal Reserve (Fed, o banco central) subir o juro, o que atrai dólares, desvaloriza o real e pressiona preços para os brasileiros, com reflexo no juro daqui também.
- Caso aumente a exportação brasileira neste novo cenário econômico sem que o aumento de produção acompanhe, também ocorre inflação para os brasileiros, cujo consumo passa a concorrer com os preços internacionais.
- Esta guerra comercial envolve, nada mais nada menos, do que as duas maiores economias globais: Estados Unidos e China, nesta ordem. Caso haja inflação, redução de consumo e de produção, corre-se um risco de desaceleração global, o que evita alta maior de preços, mas movimenta menos negócios. Os mercados chinês e norte-americano são os principais destinos das exportações gaúchas.
Assista também ao programa Pílulas de Negócios, da coluna Acerto de Contas. Episódio desta semana: usina de R$ 6 bi, navios de petróleo em Rio Grande e ações da Renner
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
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