O jornalista Guilherme Jacques colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço.
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Tida como um dos principais gargalos para o avanço mais ágil dos carros elétricos e híbridos, a infraestrutura, sobretudo de carregadores, tem realidades completamente distintas no país. O Rio Grande do Sul, por exemplo, que em 2024 dobrou o número de emplacamentos de carros desta modalidade, é o terceiro em número de pontos de recarga, com 1.002 – quase 10% do total do país. Está atrás de São Paulo e Rio de Janeiro, que ocupam primeira e segunda posição, respectivamente. Os dados são de um levantamento feito pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) em parceria com a empresa de mobilidade Tupi.
– Em alguns lugares, a dinâmica de emplacamentos se reflete nos carregadores, são quase uma Califórnia (estado americano com fortes incentivos aos elétricos). Só que o Brasil é um país de proporções continentais. Temos um Sul e Suldeste indo bem e um Norte e Nordeste ainda muito distantes. Então, não se pode falar em gargalo de modo geral. Precisamos regionalizar a discussão – diz o CEO da Tupi e diretor de comunicação da ABVE, Davi Bertoncello.
De fato, a distância entre regiões é quase um abismo. Roraima, com cinco, Acre e Amapá, ambos com três, no norte do país, são os estados com o menor número de pontos de recarga do Brasil, que tem 12,1 mil ao todo.
Outra disparidade é o crescimento entre cidades grandes e as do Interior, onde Bertoncello vê, agora, mais potencial por conta da transição energética em propriedades rurais, o que reflete na venda de elétricos e híbridos e na construção de infraestrutura privada de carregamento.
– Os compradores podem não pensar tanto em sustentabilidade, mas percebem que o desempenho conta e faz valer a pena – observa.
Para este ano, a projeção do mercado é que a venda de carros elétricos e híbridos cresça cerca de 50% em todo o país. Como ainda há disparidade entre o número de veículos e o necessário de carregadores, a expectativa é de que o crescimento de infraestrutura seja maior.
– Principalmente de carregadores DC, que são os mais rápidos, usados por empresas que montam infraestrutura mesmo. Ou seja, deve haver uma expansão desse mercado – Bertoncello pontua.
Donald Trump
O crescimento ainda é esperado a despeito das promessas e ações de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos. Para Bertoncello, um recrudescimento do governo americano com os eletrificados criaria uma oportunidade para o Brasil.
– Os Estados Unidos já haviam taxado os carros chineses, que mais estão crescendo e tem o Brasil como principal mercado consumidor fora da própria China. Então, não me parece que possa ser uma dificuldade que nos atinja.
Destaques do ranking
- Brasil: 12.137 carregadores
Maior infraestrutura:
- São Paulo: 3.699
- Rio de Janeiro: 1.176
- Rio Grande do Sul: 1.002
- Santa Catarina: 888
Menor infraestrutura:
- Rondônia: 30
- Tocantis: 18
- Roraima: 5
- Acre e Amapá: 3
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
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