Uma alta de R$ 0,25 impactará o preço do diesel, combustível mais usado no transporte de cargas no Brasil. Parte do aumento, R$ 0,06, se deve ao reajuste anual do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O restante, R$ 0,19, é resultado da elevação de R$ 0,22 anunciada pela Petrobras para as refinarias para reduzir a defasagem em relação ao mercado internacional. Ambos entraram em vigor no último sábado.
O aumento é forte, de 4,55%, o equivalente à inflação de um ano inteiro, alerta o presidente da Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Rio Grande do Sul, Fetransul, Francisco Cardoso. O diretor Diego Tomasi estima um impacto de 10% nos fretes, lembrando que é uma média, pois não há tabelamento e as negociações são caso a caso.
Efeito cascata
Pela sua relevância no transporte de cargas, há um efeito em cascata do diesel nos preços, especialmente dos alimentos. Outro ponto de atenção é que o combustível é usado em usinas termelétricas, o que pode desembocar em alta da energia.
Pela ferramenta LCA 4intelligence, o reajuste deve chegar no varejo com impacto de 0,22 ponto percentual no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a inflação oficial do país. Este aumento vem no mesmo momento em que o presidente Lula tem buscado alternativas para segurar o preço da comida, puxado pelo dólar. A popularidade do seu governo tem sofrido com a inflação dos alimentos.
Além disso, caminhoneiros instatisfeitos com a alta do diesel se reunirão no dia 8 para construir um documento que será entregue a Lula.
Nas bombas
O diesel comum está custando em média R$ 6,08 nos postos de combustível do Rio Grande do Sul, segundo a última pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Repassado totalmente, o aumento do final de semana elevaria o litro a R$ 6,33, ainda mais longe do preço da gasolina, que estava em R$ 6,03 e, com o seu aumento de R$ 0,10 no ICMS, iria a R$ 6,13.
No motor
Embora o litro deste combustível renda mais do que o da gasolina no motor, automóveis a diesel deixaram de valer a pena nos últimos anos, alerta o engenheiro mecânico Anderson de Paulo. Isso porque, além desta diferença de preço que se amplia, estes veículos são mais caros e exigem mais manutenção.
— Porém, quando se exige força do veículo, como no agronegócio, caminhonetes a diesel ainda são recomendadas. Elas têm mais "torque" — pondera - Picapes médias têm ganhado espaço como uma alternativa racional, com motores flex (gasolina e etanol) e custos menores.
Ainda de origem fóssil, mas menos poluidor, o gás natural veicular (GNV) tem sido opção para substituir o diesel. Em relação a elétricos, a expectativa é de que o avanço da tecnologia reduza tamanho e preço das baterias.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Maria Clara Centeno (maria.centeno@zerohora.com.br)
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