O jornalista Guilherme Jacques colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço.
A Caixa Econômica Federal oficializou nesta terça-feira (07) o aumento de juros para financiamentos de imóveis, como a coluna já havia adiantado na semana passada. A depender da modalidade, a taxa varia de 10,99% a 12% – antes, ia de 9% a 10% –, segundo o banco, e já está sendo praticada desde o início de janeiro. A medida é mais uma que compõe um conjunto de ações para lidar com a escassez de recursos.
Em novembro, os percentuais necessários para dar a parcela de entrada no imóvel já haviam sido reajustados pelo banco, também na tentativa de aplacar a falta de dinheiro para bancar os financiamentos.
Atualmente, maior fonte para isso é a poupança. Cerca de 65% dos recursos depositados na caderneta são, por lei, direcionados para estes empréstimos. Porém, eles têm diminuído mais do que aumentado nos últimos tempos, tanto que essa escassez já vinha freando a concessão de crédito por parte da Caixa Econômica desde o final do ano passado.
Em um cenário de demanda maior do que a oferta, sobe-se o preço da tomada de empréstimo para adquirir a casa própria. O movimento acompanha ainda a alta da Selic, que foi a 12,25% no final do ano passado e já tem mais duas altas de um ponto percentual cada contratadas pelo Banco Central para os próximos períodos de revisão. Com isso, forma-se um circulo vicioso: a Selic aumenta, torna a caderneta de poupança que já rende pouco uma alternativa ainda menos atrativa diante de outros investimentos de renda fixa, os saques nela aumentam e o montante a emprestar fica ainda mais escasso.
Diante desse cenário, a avaliação da diretora do Sindimóveis-RS Simone Carvalho é de o cenário fique ainda mais complicado para quem planeja tomar um financiamento.
Atualmente, compradores aguardam meses pela assinatura do contrato e, quando conseguem assiná-lo, esperam mais pela liberação do dinheiro. As opções para injetar mais recursos neste mercado ainda seguem em discussão entre governo federal e entidades do mercado imobiliário.
Ainda segundo Simone, mesmo com o início de 2025, não há perspectiva de que um novo orçamento na Caixa aumente a disponibilidade de recursos.
– Não trabalhamos com essa perspectiva de ter um orçamento liberado, de aumentar. Provavelmente, vai continuar como está. E esse movimento, inclusive, leva os bancos privados a também aumentarem suas taxas. A maioria já o fez também. Poucos ainda não. Com maior restrição, se beneficia quem tem melhor relacionamento – explica.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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