A Super Quarta foi um tanto previsível aqui e nos Estados Unidos. Ambos os bancos centrais tiveram decisões esperadas. O brasileiro aumentou a taxa de juro em 1 ponto percentual, elevando a Selic para 13,25% ao ano, na primeira reunião do indicado pelo presidente Lula, Gabriel Galípolo, na presidência da autoridade monetária. Importante o comunicado ter referendado a sinalização da reunião anterior de que haverá mais um aumento deste tamanho no próximo encontro, em março, e que, mesmo no final, seguiu enfatizando a relevância da política fiscal para os próximos passos do juro. Isso aponta para uma continuidade da política monetária da instituição do país com mais credibilidade hoje no Exterior.
Porém, algumas alterações no texto colocam pulgas atrás da orelha, como a previsão de uma desaceleração econômica em países emergentes, que retiraria pressão sobre juro. Assunto do momento nestas economias, o aumento de tarifas de importação pelos Estados Unidos, até que se prove o contrário, tem viés inflacionário.
Aliás, o texto do Comitê de Política Monetária (Copom) começa citando as incertezas do Exterior. O Federal Reserve até fez o esperado ao manter o juro entre 4,25% e 4,50% após três cortes, mas não apontou nada muito concreto sobre o que vem por aí. Depende, claro, do que Donald Trump seguirá fazendo nesta sua volta à Casa Branca. Tarifar importações e deportar mão de obra barata são pressões inflacionárias, já alerta a própria bolsa de Wall Street.
Tanto lá quanto aqui, inflação gera elevação do juro. No Brasil, deve chegar a 15%. Tanto Lula quanto Trump discursam pelo corte das taxas. Cabe a eles fazerem o que está ao alcance para permiti-lo.
Seus investimentos
Com alta do juro, investimentos em renda fixa passam por "momento histórico". Além do seu bom nível de segurança, a expectativa é de que sigam dando um bom retorno aos aplicadores em 2025 e , provavelmente, ainda durante parte de 2026.
Entre os profissionais de investimentos, a bola da vez são os títulos públicos e bancários. No Tesouro Direto, quando o investidor "empresta" dinheiro ao governo federal, as taxas de papéis prefixados passaram de 15% e os do IPCA+ superaram 7% de juro mais a inflação, se tornando o "queridinho" até mesmo de fundos de perfil mais arrojado por protegê-los da alta de preços. Já os títulos bancários são, por exemplo, CDBs, Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA).
O cenário até pode mudar ao longo dos meses, mas as taxas elevadas cairiam lentamente. Como 2026 é ano de eleição, é mais difícil que governos adotem cortes de gastos, o que mantém a pressão de alta sobre dólar, inflação e, portanto, sobre o juro.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Maria Clara Centeno (maria.centeno@zerohora.com.br)
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