Após sucessivos recordes, o dólar recuou com força nesta finaleira da semana, apesar de ainda estar em um patamar bem alto. A queda ocorreu principalmente porque o Banco Central intensificou os leilões da moeda norte-americana, fazendo sua maior intervenção no câmbio em 25 anos.
O principal efeito dos leilões é aumentar a oferta de dólares no Brasil, já que há fuga do dinheiro dos investidores estrangeiros, receosos com a política fiscal do governo Lula e com a busca por um juro "ok" nos Estados Unidos. Por que "ok"? Porque é bem menor do que o brasileiro, mas o mercado norte-americano ainda é mais seguro em termos de economia madura, mesmo que também enfrente déficits fiscais e incertezas com a eleição de Donald Trump. Também pesa ser final de ano, quando multinacionais enviam seus lucros para o Exterior.
No leilão, o Banco Central oferece dólares a agentes do mercado, como bancos e corretoras. A cotação é menor, provocando uma redução geral ou evitando altas. As instituições financeiras precisam ser credenciadas no Tesouro Nacional e enviam suas ofertas de compra pelo sistema, que devem partir do limite pré-estabelecido pelo Banco Central. Cada uma é analisada pela autoridade monetária. Não dá para o consumidor participar da venda.
De onde vem esse dólar? Das reservas internacionais brasileiras, que têm até ouro. Elas estão em US$ 340 bilhões. Os últimos leilões não chegaram a usar 10%.
Os leilões não fazem milagre, mas atenuam oscilações excessivas quando a situação está tensa. Para que o dólar recue e se mantenha no patamar mais baixo, é preciso resolver o que está provocando a alta.
Tipos de leilões de dólar do Banco Central
Leilão à vista - Sem recompra, é conhecido como “queimar” reservas.
Leilão de linha - O Banco Central vende dólares, com o compromisso de recomprá-los em uma data definida. É como uma linha de crédito, pela qual a instituição que comprou paga um juro.
Swap cambial - É uma operação de troca. O Banco Central dá a possibilidade de a instituição comprar dólares a um preço fixo para o futuro. Isso dá previsibilidade às empresas, que podem ganhar ou perder, dependendo de como o câmbio variar.
Swap cambial reverso - Semelhante ao anterior, mas trava o preço do real. É usado quando o dólar cai demais, o contrário de agora.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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