Depois de ter sido "muito boa" em abril, a inflação de maio veio, digamos, "linda". Além de ter desacelerado bastante em relação ao mês anterior, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 0,23% ficou significativamente abaixo da expectativa do mercado. Destaque para o recuo de combustíveis e alimentos, itens que pesam um bocado no indicador.
Desacelerou a inflação da alimentação em casa e na rua. Vilão em 2021, o óleo de soja tem trazido as maiores quedas, acompanhando o recuo no preço do grão e a estabilidade no da embalagem, entre outros custos. Carnes e frutas também ficaram mais baratas, o que é ótima notícia, pois geram gasto grande para a baixa renda.
Combustíveis tiveram recuo importante. Gasolina caiu com o corte da Petrobras na refinaria no dia em que anunciou a mudança na política de preços. O recuo do petróleo abriu este espaço, assim como para o diesel. A desaceleração da economia mundial tende a manter este cenário, salvo algo extraordinário aconteça. Nem os cortes de produção pela Arábia Saudita estão sustentando a alta do barril. A gasolina subiu agora na virada do mês com a mudança do ICMS e terá volta de impostos federais em julho, mas esse impacto já está calculado.
Diesel teve redução superior a 5%, o que é ótimo. Compensa de longe a alta que virá agora com a volta de parte dos impostos, alternativa que o Ministério da Fazenda adotou para sustentar o pacote automotivo para reativar as fábricas após parada recorde em 2023, evitando fechamentos e demissões. O diesel, hoje, no Rio Grande do Sul está R$ 5,18 em média. Há um ano, atingiu o pico, de R$ 7,40, em junho de 2022. A alta agora será de apenas R$ 0,11. Ou seja, está sereno.
Sem canetaço e gritaria contra a autonomia da autoridade monetária, este cenário, mais a visível preocupação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em cumprir as exigências do Banco Central e mais o arcabouço fiscal e uma possível reforma tributária formam o colchão para a taxa de juro Selic ser reduzida. A previsão era de que fosse somente no final do ano. Se espera uma antecipação e, mais, que o corte seja de maior intensidade. Com isso, reativa o crédito e traz mais ânimo para a economia. Aí, será a vez de a iniciativa privada fazer sua parte.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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