Foi uma surpresa para o mundo a decisão da Arábia Saudita de cortar fortemente a produção de petróleo. Ainda que se trate de uma parceria com Rússia e China para bater nos Estados Unidos, vai respingar no mundo todo, inclusive aqui no Brasil. Vêm na esteira elevação de preços de combustíveis e da inflação e, por consequência, pressão sobre juros já elevados.
A queda no petróleo vinha dando um alívio para que o governo federal retomasse a cobrança de impostos federais, os Estados costurassem elevação de ICMS e o ministério da Fazenda conduzisse a nova política fiscal para criar o cenário para o Banco Central reduzir a taxa Selic. Nos Estados Unidos, é mais uma pressão para elevar os juros, após uma previsão de que o ciclo de aperto monetário fosse encurtado pela crise de crédito agravada pela quebra do Silicon Valley Bank.
Aqui no Brasil, a dúvida é saber o que a Petrobras fará. Ainda não foi apresentado o rumo da política de paridade internacional de preços. As últimas alterações trouxeram reduções para diesel e gasolina, pois foi o que a queda no preço do petróleo permitiu. Só que, de ontem para hoje, o barril subiu mais de 10% com a redução na produção mundial.
Se seguir assim, o alvo econômico das críticas atuais deve se deslocar do Banco Central para a petroleira. Se ela aumentar preços, voltará a discussão sobre a função social da estatal, que é uma tendência do governo Lula. Se não subir, os investidores debandarão.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna