O dia começou péssimo no mercado financeiro. A bolsa de valores caía mais de 2%, proporção semelhante à alta do dólar, que chegou a ser vendido acima dos R$ 5,30. O desempenho ruim só foi amenizado pela inflação mais amena nos Estados Unidos.
Uma das pressões negativas veio da inflação brasileira, que ficou acima do esperado em outubro, de 0,58%. Evidente perda do fôlego da redução de tributos feita em julho, que segurou uma deflação por três meses.
Mas o que mais está "pegando" para os investidores é o teto de gastos. A responsabilidade - ou irresponsabilidade - fiscal está fazendo também os juros futuros dispararem. Pesam as negociações para o orçamento e a fala de Lula à tarde passada sobre volta com urgência de programas como o Farmácia Popular e o Minha Casa Minha Vida.
- Muitas coisas que as pessoas falam que é gasto, mas é investimento. A saúde é investimento, porque investir em uma pessoa pra ela não ficar doente é investimento. Farmácia Popular é investimento para cuidar da vida das pessoas. Investir na educação não é gasto, é investimento. Precisamos mudar algumas nomenclaturas, porque tudo que a gente quer fazer é "gasto, gasto, gasto". Gasto para quê? Para guardar dinheiro para pagar juros de dívida para banqueiros? Não. Precisamos ter uma dívida social. Temos uma dívida de 500 anos com o povo pobre e vamos começar a pagá-la - disse Lula na entrevista coletiva.
A situação complicou após discurso de Lula no final da manhã, na sede da transição de governo. Ele chegou a assegurar de que adotaria uma "política fiscal séria", mas ponderou que, além da meta de inflação, o país precisa de estabelecer metas de crescimento e de investimento social. Mercado interpreta como mais gastos e piora a reação, aprofundando a queda da bolsa e a alta do dólar.
Lembrando que, de forma simplificada, contas públicas desequilibradas afastam os dólares do investimento estrangeiro. Sem eles, temos desvalorização do real, o que leva à inflação. Dólar alto e inflação fazem o Banco Central elevar juro (ou, no mínimo, adiar a redução), o que trava o crescimento econômico.
Talvez essa movimentação do mercado faça a equipe de transição fazer novos anúncios nesta quinta-feira (10). De qualquer forma, é esperado para a semana que vem o nome de quem comandará o Ministério da Fazenda. O mais cotado, Henrique Meirelles, segue dizendo que não foi convidado ainda.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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