Maior corretora do país, a XP começou em Porto Alegre. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o fundador e CEO Guilherme Benchimol falou do início da expansão da empresa com lojas físicas e da sua perspectiva para a taxa de juro no Brasil. Ele estará no South Summit Brasil, evento internacional de inovação que começa nesta quarta-feira (4) em Porto Alegre. Confira trechos abaixo e o áudio da entrevista completa no final da coluna:
A XP iniciou no ambiente digital e aposta em muito em tecnologia, mas abriu agora em Manaus a sua primeira loja física e planejam mais cem unidades. Por quê? Teremos no Rio Grande do Sul?
Vai ter sim, muito em breve. No fundo, a gente é uma empresa que oferece um serviço que é intangível. Bem ou mal, a competição é com os grandes bancos. A concentração bancária no Brasil é brutal. Hoje, mais ou menos 90% de tudo o que a gente consome em serviços financeiros no país se concentra em cinco bancos. A gente vem mudando esse ambiente, mas é no longo prazo. Teremos um ambiente físico que não se assemelhe aos bancos, mas que possa trazer a credibilidade de um ponto de apoio, no imaginário das pessoas. Já temos quase 4 milhões de clientes. Entendemos que esses pontos de apoio possam facilitar ainda mais a penetração daquilo que a gente faz, não só com os clientes atuais, mas que a gente vai atender muito em breve.
Os principais acontecimentos econômicos desta semana são as reuniões dos bancos centrais no Brasil e nos Estados Unidos. Qual a sua perspectiva para as decisões deles quanto às taxas de juro?
Eu diria que o Brasil está muito melhor do que o mundo. O Brasil virou uma grande oportunidade nesse momento onde acontece a confusão da guerra e outras coisas mais. O nosso Banco Central foi muito feliz em elevar o juro, porque a gente vai começar a cair ele na frente do mundo. Assim, minha aflição hoje eu diria que é um pouco mais com o mundo, né? É evidente que a gente tem um cenário de inflação que não é de curto prazo. O FED (Federal Reserve - banco central dos Estados Unidos) vai ter que elevar os juros nos próximos meses, e isso deixa o mercado internacional um pouco diferente daquilo que foi no passado. A gente viveu anos de muita abundância de capital, juros muito baixos e isso tende a mudar nos próximos tempos. Mas eu diria que o Brasil fez o dever de casa, e eu espero que, tudo correndo bem, a gente comece a baixar os juros.
Quando você acha que o Banco Central aqui do Brasil começará a redução e até que patamar chegará antes de fazê-lo?
O Banco Central, novamente digo, agiu muito mais rápido do que o mundo. É importante que os preços das commodities lá fora arrefeçam. Grande parte da inflação brasileira não é culpa do Brasil e, sim, é culpa da pandemia e da guerra. Então, eu acho que o banco central americano elevando o que a gente espera até o final do ano e, ao mesmo tempo, conseguindo diminuir um pouco a atividade econômica no Brasil, a gente já começa a ver no final do ano os juros reduzindo. Eu acho que o juro do Brasil de equilíbrio é alguma coisa similar à inflação mais 3 (pontos percentuais), inflação mais 4 (pontos percentuais). Então, eu diria coisa entre 8,9%. Imagino uma inflação a 5% seja baixíssima e razoável a médio e longo prazo. Espero que ano que vem a gente já consiga convergir nessa direção.
Esses tempos você pediu que os brasileiros acreditem no país. Disse que o brasileiro é da Nasa. Por quê?
No Brasil, sempre foi mais interessante deixar o dinheiro aplicado na renda fixa do que tomar risco. E, ainda assim, a gente tem no Brasil 20 milhões de empreendedores. Olha que dado incrível. Empregam 50 milhões de brasileiros. O Estado só emprega 10 milhões de pessoas, aliás, emprega muito até, eu acho. A gente tem gente muito criativa, que faz diferença. Eu tive a oportunidade, acima de tudo depois de ter aberto o capital na Nasdaq, de conhecer um pouco mais de outras empresas no mundo. Conheci suíços, europeus, americanos, mas aqui no Brasil a gente é dedicado, das 8h às 20h. A gente é super criativo. Então eu acho que o brasileiro é da Nasa mesmo, que o que nos falta talvez seja mais confiar em nós mesmos. Falar bem da gente. A gente tem uma síndrome aqui de de vira-lata, na minha opinião. Sempre acha que os outros são melhores. Aí, a gente não cria aquela corrente, digamos, do bem.
Ouça a entrevista completa:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo de GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.