Fábrica de móveis de Bom Princípio, a Madesa praticamente dobrou o número de funcionários desde o início de 2020, passando de 400 para 750. No ano que vem, abrirá outros 100 postos de trabalho. O movimento acompanha um crescimento do setor moveleiro e, também, uma série de investimentos que a marca está fazendo, que ficam na casa dos R$ 20 milhões. Para falar sobre isso, o programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha) conversou com Pedro Cini, CEO da Madesa. Confira:
Como a empresa começou?
Foi em 1977 no polo moveleiro de Bento Gonçalves. Depois, se mudou para Bom Princípio, que é onde está hoje. Se focou sempre em fazer móveis residenciais, para casa. Ela teve o nascimento mais voltado para exportação, e, depois, com passar do tempo, o mercado interno acabou se tornando mais importante. Nosso foco foi atender grandes redes de varejo e, nos últimos anos, buscamos alternativas para atender essas redes incluindo o e-commerce. Recentemente, fizemos esse trabalho muito forte de venda para consumidor final, venda através de marketplace, sempre integrando o varejo dentro dessas alternativas.
A sede e a unidade fabril ficam juntas em Bom Princípio?
Isso. Foi fundada pelo meu avô, passou para meu pai e, no final do ano passado, assumi como presidente. Toda a produção fica aqui.
Quantos funcionários vocês têm?
Atualmente, são 750 funcionários. Tivemos um crescimento bem alto nos últimos dois anos. No início do ano passado, eram por volta de 400 funcionários.
Foi um salto grande. O setor de móveis se beneficiou da mudança de comportamento das pessoas que investiram mais no lar durante a pandemia, se mudaram. A Madesa também?
Foi isso mesmo. Nos primeiros meses, não. Mas, a partir de maio, foi um crescimento muito forte no setor. E são patamares que se mantêm ainda até hoje.
Veja a entrevista em vídeo:
Vocês também ampliaram a linha de produção?
Sim. Fizemos um investimento para ampliar produção, nossa área de estocagem também e para ampliar escritório para comportar todas essas pessoas. Nós temos algumas pessoas de home office, estamos nos adaptando, trabalhando com híbrido, mas a grande maioria das pessoas está no presencial.
E de quanto foi o investimento na ampliação?
Nós fizemos várias ampliações. Uma na fábrica, na expedição, no escritório. É um investimento que ficou na casa de R$ 20 milhões.
Para estocar produtos já fabricados ou insumos?
Ambos. Esse investimento não partiu só por causa do crescimento acelerado que tivemos. Já tinha um planejamento que estava em andamento e que acabou auxiliando nesse crescimento. Tivemos que focar em ter um estoque maior de matérias-primas, de produtos para poder trabalhar com a pronta-entrega, que é um dos grandes diferencias que temos. Todos os produtos da nossa linha estão disponíveis a pronta-entrega. Para poder comportar isso, foi muito importante.
Qual a matéria-prima principal dos móveis da Madesa?
São chapas de madeira, MDP, MDF, madeira processada.
Vocês importam?
Tem uma parte, sim. Mas a maior parte é fornecida pelo mercado interno.
Como lidam com a falta de determinados insumos e a disparada de preços?
É um cenário super desafiador. Mas eu entendo que o empresário brasileiro está acostumado a lidar com esse tipo de cenário. E ele exige diversas ações, resposta rápida. Precisa trabalhar junto com os fornecedores, encontrar alternativas de materiais, encontrar alternativas que não vão fazer o custo aumentar tanto. Tem que ir atrás e fazer acontecer. É óbvio que vimos aumento de custos, tivemos que aceitar muitas coisas, porque é inevitável. A parte de exportação também. Apesar de o dólar estar favorável para exportação, esses custos de todo transporte acabam fazendo com que o produto também chegue mais caro lá na ponta, mas precisa encontrar alternativa. Sempre tem algum canal para vender, alguma forma de tu vender produto com valor agregado maior. O que sofre mais nesses momentos são aqueles produtos que estão em uma faixa de preço muito baixa, que são muito sensíveis a preço.
As pessoas estão voltando a sair, mas parte do hábito que mudou com a pandemia tende a ficar? Acho que as pessoas começaram a olhar para o lar com um carinho maior.
Eu acredito que sim. E esse é um dos nossos lemas, valores principais. Queremos que as pessoas amem a casa delas. E durante esse período que passamos muito mais em casa, as pessoas passaram a dar um valor muito maior a ela. E uma casa que não tem um móvel, uma decoração, aquele cantinho que a pessoa fez e gosta, é diferente. Eu acredito muito nisso, a empresa acredita muito fortemente nisso. Por isso, estamos fazendo planos de crescimento para o próximo ano, mesmo sendo muito desafiador. Temos uma expectativa de continuar crescendo.
Mais investimentos no radar?
Mais alguns investimentos pontuais, mais cem contratações de funcionários. Esperamos ter um crescimento real de dois dígitos. Tem trabalho aí pela frente.
Tem previsão de nova fábrica ou ampliação de estrutura?
São algumas ampliações pontuais. Esses investimentos que fizemos nos últimos dois anos já nos permitem ter um crescimento bem grande. E vai ser mais, realmente, reforçar nossa equipe e começar a sair um pouco dos entornos da fábrica, que é onde temos focado mais, e buscar pessoas em outros locais também.
Vocês também vendem para consumidor final?
Sim. Estamos em um modelo híbrido, em uma transição de indústria indo direto para o consumidor final.
Ouça a entrevista completa no programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha):
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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