Uma hamburgueria de Sorocaba (SP) provocou polêmica nas redes sociais com um anúncio mostrando um lanche de papelão. O estabelecimento oferecia o produto para clientes veganos, ironizando que o hambúrguer e as batatas, assim, não tinham glúten, lactose, gordura trans e eram "100% light".
— Foi de extremo mau gosto — avaliou a coordenadora do núcleo de Porto Alegre da Sociedade Vegetariana Brasileira, Maria Júlia Rosa.
A nutricionista lembra que 10% da população da região Sul se declara vegetariana, segundo pesquisa do IBOPE Inteligência feita em 2018. A pesquisa do IBOPE perguntou ainda: "Independente de você se considerar vegetariano ou não, consumiria mais produtos veganos se estivesse indicado na embalagem?" No Sul, 50% dos entrevistados disseram que sim. Outra pergunta foi: "Consumiria mais produtos veganos se eles tivessem o mesmo preço dos produtos que está acostumado a consumir?". Aqui, 61% responderam positivamente.
Maria Júlia Rosa lembra que a entidade, com voluntários, faz um trabalho com restaurantes locais chamado "Opção Vegana", quando a equipe desenvolve junto com o estabelecimentos itens para o cardápio que atendam a estes clientes. Já foram quase 15 parcerias em dois anos do projeto.
— Produzimos, inclusive, uma cartilha com orientações para os restaurantes que nos procuram. Eu também tenho como hobby perguntar para os atendentes de praças de alimentação se o local tem opções vegetarianas e veganas. Ainda é raro, infelizmente — conta a coordenadora da SVB em Porto Alegre.
Depois da repercussão negativa, a página da hamburgueria Tex Burg apagou a postagem original e publicou uma nota de esclarecimento. Pedia desculpas para quem tinha alergia alimentar ou algum tipo de intolerância. No entanto, disse que prefere não atender veganos:
"Agora parem de nós encher e nos deixe comer cadáver, afinal estamos ultrapassados na evolução humana, e ainda somos o homem primitivo, em pensamento, em atitudes, em dinheiro, em dinheiro, OS VEGANOS SÃO SUPERIORES EM TODOS OS ASPECTOS, menos no CADA UM CUIDA DA SUA VIDA) ", diz parte do texto da empresa na rede social.
No próprio post, o restaurante diz que usa "marketing agressivo" e tece mais algumas - várias - críticas a veganos. Em outro texto, escreve: "a morte do boi é nossa alegria".
Perfis de consumo de alimentos
- Veganismo é definido pela Vegan Society (na tradução, Sociedade Vegana) como modo de vida. Contempla dieta baseada em vegetais, que evita, além da carne, os alimentos de origem animal, como laticínios, ovos e mel. Os veganos também não consomem produtos feitos a partir da exploração animal. São avessos a materiais testados em bichos e lugares que os usam como atração.
- Vegetarianismo, conforme a Sociedade Vegetariana Brasileira, é o regime alimentar que exclui todos os tipos de carnes. Entre suas classificações, há o vegetarianismo estrito, que não utiliza nenhum produto de origem animal na sua alimentação e que, portanto, se equivale ao veganismo no aspecto alimentar.
- Flexitarianismo é a junção de flexível com vegetarianismo, conhecido também como semivegetarianismo ou reducitarianismo. Estes perfis se alimentam com frutas, legumes, cereais integrais, proteínas vegetais. Eventualmente comem carnes — em datas especiais ou uma vez por semana. Priorizam o consumo sustentável e a origem dos alimentos.
