Quando se fala no Hospital Mãe de Deus, não se faz ideia de que é apenas uma ponta de um organograma bem maior. A mantenedora é a Associação Educadora São Carlos, que tem sob o seu guarda-chuva diversos outros hospitais, além de colégios e centros comunitários.
A AESC é uma organização religiosa, com 140 irmãs e criada em Caxias do Sul em 1962. Está no Rio Grande do Sul, Piauí, Ceará e Brasília. Fora do Brasil, está na República Dominicana, Costa Rica e Argentina. A receita anual supera R$ 600 milhões. Tem 720 leitos hospitalares, juntando SUS e privados.
A atuação é forte na área social, desde atendimento público de saúde, assistência social até bolsas de estudo. Superintendente-geral da associação, Fernando de Barros Barreto diz que é preciso o equilíbrio.
— Quanto mais eu tenho sucesso na atuação privada, mais eu consigo fazer pelo público — explica o executivo enquanto faz com as mãos o movimento de balança sendo equilibrada.
Barreto entrou para a AESC há cinco anos com a missão de fazer uma forte reestruturação e com o propósito claro de diminuir o risco no processo de decisão. Há três anos, começou a primeira onda de mudanças, mexendo no perfil das pessoas e em executivos. Um novo superintendente assumirá o braço de saúde no dia primeiro de abril.
— Temos cinco mil funcionários e é preciso mudar a cabeça dessas pessoas. Não pode haver desperdício. A operação está mais magra, eficiente e focada. Falta acesso porque a saúde é cara. O único jeito é custar menos — detalha Barreto.
O executivo recebeu a coluna para uma longa conversa na última semana. Contou que a AESC vai investir R$ 64 milhões no Rio Grande do Sul somente em 2018. Praticamente tudo é capital próprio. Boa parte vai para o Hospital do Câncer e a construção do Santa Ana. Mas o superintendente dá ênfase aos R$ 20 milhões que irão para o Hospital Mãe de Deus, para ofertar mais serviços e melhorar a estrutura.
O mercado de saúde no Sul é concentrado e atrativo para investidores. A AESC recebe propostas de interessados em aquisições, é claro. Mas Barreto diz que a ideia nem combina com a mudança em curso e que embolsar dinheiro não é o objetivo da AESC.
— Não está na nossa agenda – conclui o executivo.
Ouça entrevista completa de Fernando Barreto ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha: