Assim que recebeu a proposta para jogar no Al-Ittihad, da Arábia Saudita, o goleiro Marcelo Grohe procurou o seu ex-colega de Grêmio, Tcheco, para tirar dúvidas sobre a vida no mundo árabe e a estrutura do seu novo clube.
Tcheco foi ídolo no Al-Ittihad e mantém até hoje contato com os dirigentes. Por lá, ele ganhou duas edições da Liga dos Campeões da Ásia e, em 2005, após o Mundial de Clubes, se transferiu para o Grêmio. No programa Hoje nos Esportes, da Rádio Gaúcha, o ex-meia e hoje técnico de futebol contou os detalhes da conversa com o goleiro.
O que o Marcelo Grohe vai encontrar no Al-Ittihad?
Estamos fazendo o caminho contrário, eu cheguei de lá depois de dois títulos importantes, com uma geração muito boa. O Marcelo, sendo muito feliz aqui no Grêmio, entrou na história do clube, agora vai para lá. Ele vai encontrar um clube de massa, grande, mas que não vive um bom momento. Lá, o calendário é que nem na Europa, eles estão mal. Trocaram toda a direção e estão fazendo novas contratações para melhorar na tabela do campeonato nacional e ir bem na Copa da Ásia.
Você mantém contato com o pessoal de lá?
Sim, o diretor que assumiu agora foi meu diretor na época. Os dois coordenadores técnicos foram jogadores também quando joguei lá. Eles me ligam perguntando de alguns jogadores. Me ligaram perguntando do Marcelo Grohe.
E como foi a conversa sobre o Marcelo?
Dentro de campo, sou suspeito para falar, até porque ele vive um momento maravilhoso. É um dos melhores goleiros do Brasil. E eles tinham estas informações. Fora de campo, eles têm preocupação pela questão da religião, do profissionalismo dos atletas. Com o Marcelo, eles não vão ter nenhum problema. Superprofissional, dei as melhores recomendações. Também por isso eles estão investindo alto nele.
E o Marcelo Grohe buscou informações com você?
Conversei com ele há alguns dias. Até para ele saber para qual clube ele está indo. A estrutura é muito boa. O estádio que o clube joga é o que o Brasil jogou neste ano o amistoso contra a Arábia Saudita. Acho que é até maior do que a Arena e o Beira-Rio. Do lado tem um complexo com total estrutura para treinamentos, além do CT. O Marcelo tinha curiosidade sobre estes detalhes e a cidade. O Carille morava lá. Jeddah é muito grande. Dá para morar em um condomínio só para estrangeiros.
Ele estava em dúvida?
Ele nunca saiu do clube. Vai ser uma mudança radical. Claro que gera essa dúvida. Mas não é nada assustador, ele vai estar em boas mãos. Só vai encontrar um pouco de pressão, porque o clube está mal na tabela.
Como é esta pressão?
Lá tem torcida organizada também. É parecido. Existe cobrança. Principalmente para os estrangeiros. Teoricamente os estrangeiros vão para resolver os problemas. Até o Marcelo perguntou se eles invadem (risos). Não chega a tanto, mas a pressão dos torcedores é forte. Para se ter uma ideia, tiraram o presidente de lá agora por causa dos resultados. Na minha primeira final de Copa da Ásia, perdemos o jogo de ida em casa por 3x1. Chegamos no ônibus e estava tudo quebrado. Mas normalmente, não tem violência.
E os outros brasileiros?
Pelo que eu acompanho, o Carletto deve sair, o Valdívia pode sair e o Romarinho e o Jonas devem continuar. Eles estão buscando outros jogadores.