Todo mundo – que já era nascido – sabe onde estava quando John Kennedy foi morto. Eu estava vendo desenhos animados na TV e achei um tanto despropositada a entrada em cena dum sujeito de ar circunspecto anunciando que alguém tinha sido assassinado. Só me assustei quando minha mãe se pôs a chorar. Mas, como ela sempre quis ser Jackie Kennedy, achei natural eu querer ser John-John, um ano e meio mais moço do que eu, e que apareceu no dia seguinte batendo continência no enterro, a que assisti como se o pai dele fosse meu parente. Só desisti de ser ele ao me apaixonar por sua irmã, Caroline, só seis meses mais velha do que eu, metida num vestido azul, parada ao lado dele, ambos diante do caixão do pai.
Você sabia?
Não foi apenas um: foram dois dias 11 de setembro. E é bom não esquecer jamais do primeiro, em 1973
Que quase meio século depois do golpe de Pinochet ainda existam pulhas que defendam a ditadura é algo tão ignóbil quanto o ato daquele general
Eduardo Bueno