Domingo passado, dormia eu sossegadamente em meu château, metido em pijamas de cetim, sob lençóis de algodão egípcio, quando, por volta das 9 horas da manhã (equivalente às seis da matina, em se tratando do domingão), fui despertado de meu sono da beleza por gritos amplificados de “Liberdade, liberdade”. Não achei que fosse o dia, nem o horário, mais apropriado para emitir tal clamor. Mas como a luta pela liberdade, liberdade sempre me foi cara, não me irritei – a princípio. Levantei-me, calcei as pantufas e, antes mesmo de aplicar meus cremes faciais ou sorver o suco de cranberry, abri a porta e a janela para ver o sol em raios fúlgidos brilhar no céu da pátria naquele instante.
Liberdade, liberdade
Dona Laura ia achar desprezíveis as manifestações do Parcão
Acho que ela sentiria o mesmo asco que eu desses que agora profanam a palavra “liberdade”
Eduardo Bueno