Era 1973, eu tinha 15 anos e havia me tornado cinéfilo no final do ano anterior, graças às férias em Punta, onde passavam os filmes que estavam proibidos no Brasil e eu, mesmo sem entender lhufas, fui vê-los todos – nem que fosse pelo prazer da transgressão. Mas peguei gosto pela coisa e, como naquela época existia um lance chamado cinema (para quem não lembra, ou não conheceu, cinema era uma arte – a sétima delas, diziam – que consistia em contar uma história com imagens em movimento e diálogos bem escritos, no intuito de melhorar o mundo e, se desse, de quebra, divertir quem assistia), passei a ver de três a quatro filmes por semana. E a escrever sobre eles, numa caderneta cinza comprada na Livraria do Globo. Ainda tenho a caderneta – mas a Globo não tenho mais.
Sétima arte
No mundo de 2020
Ainda bem que a vida não costuma imitar a ficção e esse horrível mundo descrito no filme de Richard Fleischer ainda vai demorar muito tempo para se concretizar
Eduardo Bueno