Em dezembro de 1977, Bob Dylan assentiu em dar uma entrevista para a revista Rolling Stone. Foi no tempo em que o jornalismo literário existia e os repórteres sabiam driblar o ordinário com graça e estilo. A tarefa de decifrar as reticências tão prenhes de significado e os humores sempre cambiantes de Dylan recaiu num jornalista brilhante, Jonathan Cott. Tão logo chegou ao local marcado, Cott soube que Dylan queria dar a entrevista "em movimento" – e assim embarcaram ambos no Mustang azul–metálico de Bob; o cantor ao volante. Num piscar de olhos, já rodavam pelos arredores de Los Angeles, em terrenos áridos e crestados, sem sombras ou árvores, como lugar onde falecem as águas. E então, feito aparição tremeluzindo no meio do nada, deram de cara com um Papai Noel parado sob o sol a pino, badalando sua sineta.
Natalices
Não é dezembro, uivo eu. Faltam 37 dias para dezembro
Não bastasse tudo o que já foi sugado e conspurcado do Natal, ainda teremos que presenciar sua morte anunciada?
Eduardo Bueno