Não houve um só tiro – quer dizer, houve dois, mas como ninguém os ouve em meio à gritaria, é como se nada tivesse havido. Pois se ao menos esses dois estampidos ecoassem em seus ouvidos, então os soldados do 1º Regimento de Cavalaria e seus colegas do 9º Batalhão, agrupados em desordem unida em meio ao Campo de Santana, no Rio de Janeiro, talvez percebessem que não estavam ali a participar de uma improvável parada militar e sim... para derrubar um regime. Mas quem iria supor que o velho Deodoro da Fonseca, sob os achaques da idade e com a dispneia a abalá-lo, fosse sair da cama para dar um golpe – ainda mais um golpe republicano? Além de legalista, ele sempre fora a favor da monarquia. Tanto é que mal se passavam 60 dias desde que o provecto homem de caserna dissera:
A queda do Império
Proclamação da República: o primeiro golpe
Naquele mesmo dia, embora já na calada da noite, Deodoro, na cama e de pijamas, foi ludibriado por seus companheiros golpistas
Eduardo Bueno