
O César Cidade Dias levantou, com razão, no Sala de Redação, a hipótese de o Criciúma não chegar a Porto Alegre para o jogo que estava marcado para domingo (5), na Arena, assim como o Juventude não teve como descer a Serra. Fui atrás.
O Criciúma viria pela BR-101, costeando o oceano em quase todo o trajeto. No Litoral, os danos das cheias são menores ou inexistentes. Não há deslizamentos, por enquanto. Em tese, sem problemas. Mas a chuva prosseguirá por mais 10 dias.
Como será até domingo? Há mortos e desaparecidos. É uma tragédia que tende a piorar, de consequências imprevisíveis. E se a situação se agravar às margens da BR-101? Isso sem contar o público que vai ao estádio. O pedido é, à exceção das zonas de risco, ficar em casa.
A CBF acertou em adiar os jogos dos gaúchos, incluindo Cruzeiro e Inter, sábado (4), e Juventude e Atletico-GO, segunda (6). O Inter teria de se deslocar até Belo Horizonte. Em respeito à segurança das pessoas e ao drama que assola milhares de gaúchos, que se deixe o futebol para depois.
Os asteriscos atormentarão Grêmio e Inter por algum tempo na tabela, assim como de alguns adversários. Mas é hora de fazer o certo. O resto se ajeita, com bom senso e empatia.
Maratona colorada
Pelo lado colorado, há duas leituras para o adiamento do jogo com o Juventude pela Copa do Brasil. A primeira é: tanto faz. Valencia, Alan Patrick e Aránguiz estarão de volta no dia 10 de maio. Porém, o deslocamento da data forçará uma maratona insana de jogos em 25 dias, potencializando novas lesões. A segunda leitura é de que, entre prós e contras, vencem os prós. Voto pela leitura dois.
Maratona gremista
Renato acerta ao avisar que não tem elenco para três competições. Bato nesta tecla desde o Gauchão. O nível cai com reservas. Alguma piora é normal, mas o Grêmio não ganha com mistão ou time B. Perdeu a Recopa Gaúcha para o São Luiz. Na Libertadores, derrotas para Bolívar e Huachipato. Diante do Operário, da Série B, só empatou. Bom resultado, aliás. Em casa, com força máxima, o Grêmio passa.
A fala de Renato também serve de vacina contra a ilusão de que o padrão é o de La Plata. A vitória sobre o Estudiantes vem com quase todos à disposição e mobilização rara, difícil de manter quarta e domingo. Essa maratona — Argentina, Salvador, Ponta Grossa-PR, Chile — cobra uma reposição que o Grêmio não tem, em qualidade e quantidade. O cobertor é curto, também por que a exigência da Libertadores é mais mais alta.