Houve um tempo em que Gre-Nal por laranjas era expressão corriqueira. Significava o clássico que não valia nada. Como esse, de domingo, na Arena. Na tabela, não muda a vida de ninguém. Seja qual for o resultado, o Grêmio encerrará a primeira fase em primeiro. E o Inter, em segundo. Exatamente onde estão agora.
Mesmo que o Caxias surpreenda e derrube o Inter para terceiro, não significa nada. Não há mais chance de Gre-Nal antes da decisão. Hoje, em tempos de candidaturas e contas bancárias falsas, a expressão "por laranjas" talvez confunda. Não, não se trata de uma denúncia para a Lava-Jato investigar os subterrâneos do Gre-Nal.
Pode-se alimentar ideias românticas e literárias, como a do campeonato dentro do campeonato. Uma rivalidade assim navega em mares mais complexos do que a mera pontuação na tabela. Pode abater ou dar moral, sem falar nas provocações de praxe. Concordo em gênero, número e grau com tudo isso, mas é preciso dizer também: na letra fria da lei, o Gre-Nal da Arena não vale nada.
Só vestiários fracos e suscetíveis entrariam em depressão após uma derrota em março, com o ano todo pela frente, Libertadores no caminho e o próprio Gauchão para dar o troco. Não é o caso do Grêmio, de Renato. Nem do Inter, de Odair. À exceção de uma goleada histriônica e medonha, o Gre-Nal é por laranjas. Maduras, docinhas e suculentas, porém laranjas.