Essa bobagem de "campeonato sob suspeita" bebe da mesma fonte do "clube grande não cai".
Roberto Melo faz bom trabalho de reconstrução do grupo a partir da terra arrasada que recebeu, inclusive buscando jogadores de Série A, mas insinuar complô para tirar o hepta do Inter navega entre o ridículo e o infantil.
Tentativa de responder ao Grêmio, que tem na reclamação contra a arbitragem um traço institucional? Pode até ser, mas uma bobice velha não justifica outra.
O torcedor não cai mais nessas esparrelas de colocar tudo na conta do juiz. São sete jogos, uma vitória (em casa, ainda por cima), aproveitamento de 33% e 9º lugar entre 12. É uma afronta à inteligência dizer que o mundo das sombras se ergue para evitar o título.
O Inter começou mal a temporada, mostrou evolução ao vencer o Brasil-Pel, quase repetiu a dose diante do Grêmio e goleou adversários fracos na Copa do Brasil. Mas ainda é um time instável, e seguirá assim por um bom tempo. Por isso foi mal e perdeu para o Juventude.
É uma leitura que não ganharia as manchetes, mas traduz a aspereza do mundo real. A direção do Inter teve o seu momento Vitorio Piffero no Alfredo Jaconi. Para o bem do clube, é aconselhável que tais inspirações involuntárias sejam tratadas como assombrações e exorcizadas desde as primeiras aparições. Não é preciso lembrar para onde elas levam.
EU SOZINHO 1 – O fato de a bola ter batido no peito de Junio enquanto ele erguia o braço é uma atenuante para o árbitro. Erros acontecem. Mesmo os capitais, como o responsável pela vitória do Juventude, superior ao Inter no jogo. São decisões em átimos de segundo.
O que liquidou a arbitragem de Diego Real foi menos a visão livre e frontal para o lance e mais a arrogância de bater no peito e entender que sua equipe (auxiliares e quarto árbitro) estava toda errada.
EU SOZINHO 2 – Ele foi alertado com insistência, mas desprezou a opinião dos companheiros. Cometer um gesto de arrogância não implica dizer que ele, Diego Real, é um homem arrogante. É bom deixar isso claro, em respeito ao profissional, mas a aspiração de um dia ser Fifa pode ter morrido na Serra.
O caminho da arbitragem em alto nível, e o uso da tecnologia é a evidência mais óbvia disso, converge para o trabalho em conjunto. Ao bater no peito e escalar o time do Eu Sozinho, Diego Real foi na contramão de seu ofício.
LEI DA MORDAÇA – Se todos os personagens do futebol (jogador, dirigente, empresário, técnico, preparador físico, torcedor, médico) dão entrevistas após os jogos, porque o árbitro também não pode dar a sua versão?
Seria interessante para esclarecer polêmicas e ajudaria o próprio encarregado da difícil arte do apito. É uma orientação da Fifa e da CBF, eu sei, mas é uma regra do tempo da ditadura.