Quando você está entrevistando alguém e faz uma pergunta que incomoda o entrevistado ou seus apoiadores, fique alerta: em geral, aquela é a pergunta certa.
É como o médico que está examinando um paciente. Se ele toca num ponto e o doente grita de dor, é ali que a doença está se manifestando e é aquele órgão que deve ser investigado.
Isso vale principalmente para a política, mas funciona também em outros setores. Como no futebol.
Depois do jogo contra o Bragantino, Renato reclamou explicitamente das perguntas dos repórteres. Ou seja: aí tem.
Renato parece ter uma ligação mágica com o Grêmio. Quando os dois estão juntos, as coisas acontecem. No Grêmio, Renato alcançou suas maiores façanhas como jogador e como técnico. E, tanto numa carreira como na outra, ele dá a impressão de às vezes ser atabalhoado, às vezes ser exagerado, mas acaba dando certo.
Só que nem toda a mística resiste à ação do tempo. Os vencedores precisam se reciclar para continuar vencendo, porque as circunstâncias mudam e os adversários se fortalecem.
Renato vive um momento de instabilidade no Grêmio, depois de quase cinco anos no clube. O time, mesmo que ainda tenha ótimos jogadores, não joga bem, a torcida o contesta, a imprensa cobra. E agora, pela primeira vez, os jogadores manifestam irritação de público. No começo do ano, Kannemann criticou algumas demissões, sobretudo a do preparador físico. Nesta segunda, Maicon e Pepê saíram de campo descontentes, quando foram substituídos. O time venceu, mas jogou muito mal. As perguntas teriam de ser difíceis, porque a situação não é fácil. Quando Renato protestou, mostrou onde está doendo. É ali que deve ser feita a investigação para se buscar a cura.