O Grêmio fez um jogo estratégico contra o Cuiabá, e alcançou o resultado planejado. Não se pode exigir muito mais do que isso em um ano em que os times jogam de dois em dois dias, depois de uma viagem longa até o Mato Grosso, atuando debaixo de chuva e no calor do centro-oeste.
Tudo bem.
Mas é importante entender os recados que o jogo passou. O primeiro deles é de que Orejuela e Diogo Barbosa são superiores, pelo menos agora, a Victor Ferraz e Cortez. E o segundo é de que o meio-campo com Darlan fica mais fluido do que com Lucas Silva. A bola circula mais, fica mais tempo nos pés dos jogadores do Grêmio e chega mais limpa aos atacantes.
Finalmente, há que se ressaltar a excelência do futebol de Jean Pyerre. É um meia que joga de fraque e pincenê, ele é elegante, ele acalma o time, ele vê espaços onde ninguém mais vê. Jean Pyerre é uma preciosidade que deve ser trabalhada com critério pelo Grêmio, porque ele não é um jogador comum, ele é de uma estirpe rara. Nelson Rodrigues dizia que Didi era o Príncipe Etíope, devido à sua nobreza com a bola nos pés. Assim é Jean Pyerre. Para Jean Pyerre, o futebol vulgar é entediante. Ele aprecia a beleza de um passe macio que evita por 15 centímetros o pé do zagueiro inimigo e deixa o atacante amigo com 10 metros de campo desabitado, ele aprecia o domínio absoluto da bola com a naturalidade de quem suspira, ele aprecia o toque único, minimalista, preciso, tão simples e tão inigualável. Até na hora de bater o pênalti Jean Pyerre mostrou que a violência do chute pode ser aliar à técnica do desvio do goleiro.
Jean Pyerre tem de ser cercado, protegido e mimado pelo Grêmio. O Grêmio tem que acolher e acalentar Jean Pyerre. Porque não há ninguém melhor do que ele no Brasil.