Correção: o percentual de presos que realizam trabalho prisional é de 31%, e não 10%; e o número de presos na Cadeia Pública de Porto Alegre (antigo Presídio Central) é de 1.597, e não mais de 5 mil, como informado entre 20h46min de 04/10/2022 e 15h32min de 06/10/2022. O texto foi corrigido.
Já que o segundo turno no Rio Grande do Sul será entre Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite (PSDB), eles bem que poderiam falar mais sobre um tema indigesto, mas necessário: o trabalho prisional. O assunto não emplacou na campanha porque se trata de uma sinuca para quem vai ocupar o Palácio Piratini. É difícil fazer o preso trabalhar, tem burocracia a vencer e precisa haver convencimento do apenado. E não é possível prometer algo em cadeias dominadas por facções criminosas.
Apenas 31% dos mais de 40 mil presos trabalham nas cadeias gaúchas. Essa é a média do Presídio Central de Porto Alegre, com 1.597 condenados, que já foi o maior do Estado. Mas, em várias unidades, os presos não fazem nada o dia inteiro. Cansei de entrar em presídio gaúcho e ver uma legião sentada, desocupada. Merecem ser elogiados aqueles que trabalham.
Estão sendo criadas as Centrais Integradas de Alternativas Penais (Ciaps). A primeira nasceu em Caxias do Sul, onde poucos detentos requereram o emprego. O preso precisa manifestar interesse em ter a pena reduzida em troca de trabalho. Imagine se metade do contingente de 40 mil presos trabalhasse?
Atualmente, tem excesso de burocracia que impede que mais gente trabalhe. Todos deveriam ser colocados no trabalho, para ter o que fazer e não ficar planejando o próximo crime. Por que o trabalhador normal tem que dar duro todos os dias e o condenado aproveita o ócio, aplicando golpes pelo celular direto da cela? Um preso assim custa em média R$ 1.800 por mês para o Estado, ou seja, nós pagamos por isso.
Presos socados em presídios e selecionados por facção criminosa são a realidade das cadeias gaúchas. Isso ajuda a emperrar iniciativas como o trabalho prisional. E tem mais: a facção não gosta de ter um apenado a menos. Acossa e coage para não trabalhar. Mas, afinal, quem manda no Estado? A facção ou o governador?