
A eliminação de substâncias nocivas ao meio ambiente, como produtos com clorofluorcarbonetos (CFCs), vem contribuindo com a recuperação da camada de ozônio. É o que mostra um estudo publicado no início de março pela revista científica Nature.
Liderada por pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), a investigação mostra que a camada de ozônio está se recuperando como resultado direto da redução no uso de produtos compostos por CFCs, substâncias que foram responsáveis por sua destruição, detectada nos anos 1980 – quando foi confirmada a causa do “buraco” na camada atmosférica.
A eliminação das substâncias que destroem a camada de ozônio é um compromisso assumido pelo Brasil quando ratificou o Protocolo de Montreal. Anos atrás, os CFCs eram amplamente usados como propelentes de aerossol e para refrigeração.
O trabalho foi conduzido durante 15 anos por pesquisadores do departamento de Ciências da Terra, Atmosféricas e Planetárias do MIT, com o apoio da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) e da Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos. Nos últimos anos, foram divulgados estudos que mostram que a camada está se recuperando.
No entanto, boa parte dos trabalhos eram qualitativos. Essa é a primeira pesquisa a mostrar com alto rigor estatístico que a redução no uso de CFCs é a principal causa por trás recuperação, mais do que outros fatores, como o aumento das emissões de gases de efeito estufa ou a variabilidade natural do clima.
— Embora a detecção de um aumento estatisticamente significativo do ozônio seja relativamente simples, atribuir estas alterações a forças específicas é mais difícil — explica Peidong Wang, que faz parte da equipe de trabalho.
Conforme os pesquisadores, o estudo indica, com 95% de confiança, que a camada de ozônio está se recuperando devido a isso. O que garante maior confiança nas ações humanas para mitigar os problemas ambientais.
Estudo fornece pistas sobre futuro do “buraco”
Caso os esforços sigam progredindo, até 2035, aproximadamente, o buraco na camada de ozônio na Antártica poderá estar totalmente recuperado, conforme os pesquisadores.
— Alguns de vocês verão o buraco da camada de ozônio desaparecer completamente. E isso foi resultado da ação humana — celebra Susan Solomon, uma das autoras do estudo.
Os investigadores utilizaram como metodologia a impressão digital, abordagem originalmente criada por cientistas que pesquisam sobre mudanças climáticas. A equipe observou o buraco na camada de ozônio a partir de imagens de satélite.
Mês a mês, eles analisaram se os dados reais apresentavam o padrão de recuperação previsto nas estatísticas – impressões digitais ligadas à eliminação progressiva dos CFCs a nível mundial. Com isso, eles constataram forte correlação entre as simulações e os dados empíricos.
A técnica permite isolar a influência de fatores climáticos específicos para identificar e quantificar a impressão antropogênica sobre as mudanças do clima. A equipe do MIT adotou a metodologia para analisar os impactos da redução do uso de substâncias que destroem a camada de ozônio.