
A cobertura global de gelo marinho atingiu um recorde de baixa em fevereiro, anunciou o observatório climático europeu Copernicus nesta quinta-feira (06). Foram registradas temperaturas até 11°C acima da média perto do Polo Norte, enquanto o mundo continua em uma persistente onda de calor.
Uma consequência de um mundo mais quente é o derretimento do gelo marinho, o que levou à baixa histórica. A redução da cobertura de gelo tem impactos sérios ao longo do tempo no clima, nas pessoas e nos ecossistemas.
À medida que a neve e o gelo altamente refletivos dão lugar ao oceano azul escuro, a mesma quantidade de energia solar que antes era refletida de volta para o espaço agora é absorvida pela água, acelerando a taxa de aquecimento global.
O gelo marinho, ou água do oceano que congela e flutua na superfície, atingiu a extensão recorde de 16,04 milhões de quilômetros quadrados em 7 de fevereiro.
O gelo marinho da Antártida, que nesta época do ano determina em grande parte as quantidades globais, estava 26% abaixo da média em fevereiro, de acordo com o Copernicus.
O serviço europeu disse que a região pode ter atingido seu mínimo anual de verão no final do mês, acrescentando que, se confirmado em março, este seria o segundo menor mínimo no registro de satélite.
No Ártico, onde a cobertura de gelo marinho normalmente atinge o máximo anual de inverno em março, mínimas mensais recordes foram registradas desde dezembro, com a cobertura de gelo marinho de fevereiro 8% abaixo da média mensal.
— A atual extensão recorde de gelo marinho global revelada pela análise do Copernicus é motivo de séria preocupação, pois reflete grandes mudanças tanto no Ártico quanto na Antártida — disse Simon Josey, professor de oceanografia no Centro Nacional de Oceanografia do Reino Unido.
Ele acrescenta que as temperaturas quentes do oceano e da atmosfera podem levar a uma falha extensa na regeneração do gelo na Antártida durante o inverno do hemisfério sul.
Onda de calor
Globalmente, fevereiro foi 1,59 ºC mais quente do que na época pré-industrial segundo o observatório, acrescentando que o período de dezembro a fevereiro foi o segundo mais quente já registrado.
As temperaturas foram particularmente altas ao norte do Círculo Polar Ártico, com temperaturas médias 4°C acima da média de 1991-2020 para o mês. Uma área perto do Polo Norte atingiu 11°C acima da média.
Segundo o observatório a falta de dados históricos das regiões polares dificulta estimativas precisas do aquecimento em comparação ao período pré-industrial.
Os oceanos, um regulador climático vital e sumidouro de carbono, armazenam 90% do excesso de calor retido pela liberação de gases de efeito estufa pela humanidade.