O período sem umidade entre julho e outubro deste ano na floresta tropical da Amazônia, aliado à falta de chuva na região, levou à seca extrema no Rio Negro, no Amazonas. Fotos de satélite da Nasa mostram a situação que deixou cidades em estado de emergência. No comparativo, é possível ver como imagens do sistema LandSat registram o manancial no dia 3 de outubro de 2023 e como estava em 8 de outubro de 2022.
No dia em que tirada a foto atual, o nível do Rio Negro era de 15,14 metros, segundo dados do Porto de Manaus. A título de comparação, no momento do registro feito no ano passado, o volume estava em 19,59 metros, mais compatível com a estação vigente. Nesta terça-feira, porém, o rio baixou ainda mais, chegando a 13,49m, o menor nível em mais de um século, desde quando o nível do grande rio amazônico começou a ser monitorado. Até hoje, as piores secas do Rio Negro tinham acontecido em 2010 (13,63m), 1963 (13,64m) e 1906 (14,20m).
A bacia hidrográfica do Rio Amazonas teve menos chuva entre os meses julho e setembro de 2023 do que qualquer ano desde 1980.
— De forma geral, esta é uma situação bastante incomum e extrema. O principal responsável pelo agravamento da seca é o El Niño — disse René Garreaud, cientista atmosférico da Universidade do Chile ao site da Nasa.
Segundo o especialista, este aquecimento cíclico das águas no Oceano Pacífico centro-leste alteram os padrões de circulação atmosférica, levando mais umidade ao Oceano Pacífico equatorial e a condições mais secas na Bacia Amazônica.
A seca histórica acontece dois anos após o Rio Negro ter registrado a sua maior cheia, em 2021, quando a marca de 30,02 metros foi atingida em Manaus. Quatro municípios localizados na calha do rio – São Gabriel da Cachoeira, Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e a capital, Manaus – estão em situação de emergência.