Após um desconforto no governo de Pernambuco, a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) amenizou a recomendação para que banhistas evitem praias atingidas pelo óleo que chegou à região há uma semana.
Em um relatório publicado nessa sexta (25), o órgão listou 18 locais onde os visitantes não deveriam entrar no mar, incluindo a praia de Muro Alto. Foi lá que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, molhou os pés no mesmo dia e disse que levaria sua família.
Neste sábado (26), porém, a agência relativizou o documento. Convocou uma entrevista coletiva às pressas para explicar que o relatório se refere a manchas observadas na região nos dias 21 e 22 de outubro, e que elas já podem ter se dissipado.
— Como temos um dinamismo muito grande das marés e estamos fazendo mutirões de limpeza, conseguimos entregar a praia limpa muito rapidamente. Tem praia com óleo num dia, e no outro não. Queríamos explicar para a população que, caso veja o óleo, não entre na água, mas caso não veja, o banho não é impedido — afirmou à Folha o presidente da CPRH, Eduardo Elvino.
A reportagem apurou que o relatório provocou um desconforto no governo do Estado e uma insatisfação no setor turístico da região, depois que foi amplamente divulgado pela imprensa local na manhã deste sábado.
Elvino nega que tenha havido pressão. Ele diz que o órgão decidiu explicar logo o documento, em vez de esperar mais uma semana pelo próximo relatório.
— Esperar sete dias para dizer que pode entrar se não tiver óleo poderia prejudicar os municípios que tiveram óleo nos dias 21 e 22 — afirmou.
A declaração vai na mesma linha de falas do ministro do Turismo e do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na quinta-feira (24). Tanto o governo federal quanto o estadual, porém, não informaram quais critérios técnicos utilizaram para embasar essa posição.
Uma análise química da água ainda não foi concluída para dizer se há ou não contaminação, mesmo sem o óleo visível. O resultado desse estudo laboratorial, mais complexo, só será divulgado pelo CPRH, em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na próxima semana.
Na contramão da agência, pesquisadores recomendam que não se entre na água enquanto esse exame não ficar pronto.
— Os locais precisariam ser interditados até que se faça a análise da água — afirma a bióloga Mariana Guenther, professora da federal.